O ministro da Saúde, Henrique Mandetta, sem dúvida alguma deve ser um dos mais pressionados pela pandemia da Covid-19, até porque o presidente Jair Bolsonaro tenta de todas as formas mandar o povo para as ruas. Nos dados divulgados no último sábado (28), com 114 mortes e 3.904 casos confirmados de Coronavírus, Mandetta se posicionou sobre diversos assuntos e mostrou mais firmeza.
Mandetta disse que o fato de as pessoas estarem em casa já fez o número de internados por acidentes de trânsito diminuir, o que libera espaço para os que precisam se tratar da Covid: “Mais uma razão pra gente reduzir bastante a atividade de circulação de pessoas no intuito de diminuir o trauma, que é um efeito também secundário, benéfico, além do efeito de inibir a transmissão”.
CRITÉRIOS TÉCNICOS E CIÊNCIA
“Nós precisamos ter racionalidade e não nos mover por impulso neste momento. Nós vamos nos mover, como eu disse desde o princípio, vamos nos mover pela ciência e pela parte técnica, com planejamento. Pensando em todos os cenários quando a gente fala de colapso, de sobrecarga, ou de sobreuso no sistema, a gente tá falando disso. Não só de sobrecarga na saúde, mas por exemplo, na logística.”
DESAFIO INÉDITO
“E aí eu volto a repetir: muitas vezes… Hoje está cheio de professor de epidemiologia, está cheio de fazedores de conta, de cálculos. Preste atenção: essa epidemia é totalmente diferente da H1N1. Eu tenho colegas, eu fui gestor e também enfrentei essa epidemia de H1N1, também tomei providências, mas havia uma diferença enorme – havia um medicamento que todo mundo tinha na mão. Existe uma diferença enorme, porque para aquela H1N1, daquela época, existia uma perspectiva de vacina, porque ela é da classe da influenza.”
O ministro também afirmou: “Não há receita de bolo. Quem raciocinar pensando: nesta aqui foi assim, vai errar feio. Essa não é assim. Essa causou não uma letalidade para o indivíduo, não é esse o nosso problema. Nem daqueles que falam assim: ‘ah essa doença vai matar só 5 mil, só 10 mil’. Não é essa a conta.”
A conta é: esse vírus ataca o sistema de saúde e ataca o sistema da sociedade como um todo. Ele ataca logística, ele ataca educação, ele ataca economia, ele ataca uma série de estruturas no mundo.
SETORES ESSENCIAIS
“Não existe quarentena vertical, horizontal. Existe a necessidade de arbitrar em determinado tempo qual o grau de retenção que uma sociedade deve fazer”, disse o ministro. “O lockdown – parada absoluta ou total -, pode vir a ser necessário, em algum momento, em alguma cidade. O que não existe é um lockdown ao mesmo tempo, desarticulado. Isso é um desastre que vai causar muito problema pra nós da saúde.”
ARTICULAÇÃO
“Agora, nós vamos ter que, junto com os governadores, a quem eu faço apelo, não realizar atitudes intempestivas, de entrar com ações, entrar em fábrica de máscara e pegar pra si. Agora é preciso coordenar ação nacional. Se for dessa maneira, de ‘quem pode mais chora menos’, nós vamos ter um problema que talvez todos possamos chorar.”
“Precisa sentar e organizar. A saúde tem seus mecanismos. Temos sistema de pacto e vamos fazer muita coisa com os representantes aqui porque emergência é emergência, precisamos de agilidade. Tem que decidir na hora. Preciso de gente que decida na hora. Olhando o quadro inteiro. Se cada um for olhar o seu umbigo, vai ficar muito difícil e vamos poder ter muitos problemas de organizar um país tão complexo como esse. Temos gente, capacidade, temos o diagnóstico, temos números, basta que façamos tudo juntos.”
O ministro disse que, enquanto esse acordo não sai, os governadores devem seguir os parâmetros que adotaram até aqui:
“Agora não é hora de sobrecarregar o sistema de saúde seja em nome do que for. Agora é hora de aguardar. Vamos ver como essa semana vai se comportar, e nós vamos ter nessa semana a discussão dentro da Saúde para achar os parâmetros. Aqueles que tomaram medidas de acordo com a sua localidade sem o parâmetro, usou o parâmetro próprio. Utilizem o seu parâmetro que nós vamos construir um consenso para podermos andar.”
JOVENS EM CASA
“Por que se suspendem aulas? Se todas as crianças e jovens, como vocês viram, se têm a doença e são assintomáticos e são sintomas leves, por que a gente os tira da aula? Muitas vezes é o que se fala: ‘Deixa as crianças e adolescentes’. É porque eles são assintomáticos e não sabem, só transmitem. Como voltam para casa e casa tem um só cômodo e temos um déficit habitacional enorme, pode contaminar cinco, seis pessoas. Quando a gente diminui a mobilidade, cada um positivo contamina dois. Quando deixa todo mundo andando, cada um contamina seis, e isso faz progressão geométrica, faz essa curva ascender super rapidamente.”
Fonte: Agência Grita São Paulo
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