Preço da carne puxa inflação para 0,51% e novembro tem pior mês em 4 anos
Puxada pela disparada no preço da carne e pelo aumento na conta de luz, a inflação chegou a 0,51% em novembro, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta sexta (6).
O resultado ficou acima da projeção dos analistas consultados pela agência Bloomberg, que era de 0,47%.
Após registrar alta 0,10% em outubro, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) teve em novembro o maior resultado para o mês desde 2015, quando ficou em 1,01%.
Assim, no acumulado de 12 meses, o IPCA acelerou de 2,54% em outubro para 3,27%. No acumulado do ano, o número foi de 3,12%.
ENTENDA
O IPCA serve como meta de inflação para o Banco Central e a sua queda nos últimos meses contribuiu para que a instituição pudesse reduzir a taxa básica de juros para os atuais 5% ao ano. A meta para 2019 é de 4,25% (podendo variar de 2,75% a 5,75%).
Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta em novembro. Entre eles, despesas pessoais (1,24%), alimentação e bebidas (0,72%) e habitação, que passou de uma deflação de 0,61% em outubro para alta de 0,71% em novembro. A aceleração no grupo alimentação e bebidas foi puxada, principalmente, pela alta das carnes (8,09%).
Por causa do apetite chinês, que aumentou as importações de carnes do Brasil, a arroba do boi subiu nas últimas semanas, e o repasse já começa a chegar nas gôndolas.
Desde o fim de 2018, a China enfrenta queda da produção de suínos devido a uma grave crise sanitária na suinocultura. Então, isso obrigou o país a elevar as compras externas e a procurar outras proteínas, como a bovina. O Brasil, principal exportador mundial de carne bovina e de frango, foi beneficiado por essa demanda chinesa.
O aumento no preço da carne se refletiu no resultado de alimentação no domicílio do IPCA, que tinha registrado deflação de 0,03% no mês anterior e passou para uma alta de 1,01% em novembro. Já a alimentação fora do domicílio apresentou alta de 0,21%.
MAIS DETALHES
Com a mudança da bandeira tarifária de energia para vermelha, o item habitação teve variação de 2,15% no mês. Em outubro, vigorou a bandeira amarela de cobrança. Em dezembro, voltou ao patamar amarelo.
Além disso, em transportes, os preços dos combustíveis desaceleraram (0,78%) na comparação com o mês anterior (1,38%). Isso porque o preço da gasolina variou 0,42% em novembro. As passagens aéreas seguem subindo pelo segundo mês consecutivo, com alta de 4,35%.
Entre os 16 locais pesquisados pelo IBGE, a maior variação ficou com São Luís (1,05%) devido à alta da carne e da gasolina.
Texto: Folha de S. Paulo